‘Não me sinto à vontade para combater o movimento’, diz procurador sobre ação contra paralisação da Polícia Civil do RN
“Não me sinto à vontade para combater referido movimento, antes, com ele me solidarizo, porque na mesma situação me encontro de total inconformimos com os atrasos salariais”, afirmou o procurador do estado do Rio Grande do Norte Luis Marcelo Cavalcanti de Sousa sobre a paralisação dos policiais civis do estado.
A declaração está em um despacho ao Procurador Geral do Estado, ao qual o G1 teve acesso. A Delegacia Geral de Polícia Civil quer pedir à Justiça a irregularidade da mobilização. O caso foi designado em caráter de urgência ao procurador Luis Marcelo, mas ele o recusou e pediu redistribuição do processo, através de sorteio, entre seus colegas.
O procurador ainda avisou que “caso seja eu o sorteado para atuar no feito só o farei depois que estiver com meus salários em dia, dispensando ao Governo o mesmo tratamento que dele tenho recebido”.
Ao atender uma ligação do G1 nesta quinta-feira (27), o procurador confirmou a autenticidade do documento. Ele ainda afirmou que geralmente os casos são distribuídos por meio de sorteio, mas em casos urgentes ou mais importantes, o procurador geral pode distribuir para algum procurador que tenha mais afinidade com o tema, por exemplo.
“Eu acredito que foi distribuído para mim porque eu fiz quase todas as ações de greve no atual governo, principalmente na área de segurança, e nós tivemos sucesso em todas. Mas a situação chegou a um nível alarmante e eu resolvi adotar uma postura mais radical, porque todas as categorias estão prejudicadas, inclusive os procuradores”, afirmou.
Luis Marcelo ainda afirmou que os procuradores do estado também estamos sofrendo atrasos salariais e ainda não recebeu o salário de novembro, o 13º salário de 2017 e de 2018 e segue sem expetativa quanto ao salário de dezembro. “Eu me solidarizo porque estou vivendo o mesmo drama. Então não me sinto a vontade de combater essa greve”, reforçou
O procurador ainda reforçou que, no entendimento do Supremo Tribunal Federal, a única hipótese que impede o corte de salário de servidores grevistas é justamente o atraso de salários.
PGE
O Conselho Superior da PGE, órgão máximo da Instituição, em Sessão realizada na manhã desta quinta-feira (27), se posicionou sobre o caso. Ao tomar conhecimento do despacho do procurador Luis Marcelo Cavalcanti acerca da greve da Polícia Civil, deliberou, à unanimidade, no sentido de que a “manifestação isolada” do procurador não reflete o posicionamento da Procuradoria-Geral do Estado.
G1/RN
Postado em 27 de dezembro de 2018 - 20:11h